Deu Canal
Eu nunca fui necessariamente irresponsável com meus dentes. Mas é que eu estou sem o convênio dental e aí no final do ano passado, quando uma obturação (supondo) caiu e um buraco ali se criou, eu não fui correndo pro dentista.
Eu só precisava ter mais cuidado agora, ter certeza que nada ficasse ali parado, dava um trato na escovação, fio, bochecho… tudo certo, quando der eu vou.
Meio que nunca deu e começou a doer. E o que me assustou é que me começou a dar uma dor de cabeça que parecia estar atrás do olho, mas não necessariamente lá. Demorei pra juntar as informações, mas quando juntei, sabia que estava na hora.
Para todos que eu contei sobre isso, a primeira resposta de pânico foi: meu deus, que não seja canal! Seguida das piores histórias pessoais com dentistas.
Sempre me retraí quando as pessoas falavam que 'deu canal', mesmo sem saber qual era essa dor. Até hoje fico na dúvida se é a dor tipo a dor que eu senti (horrível), ou se era a dor do procedimento em si.
Há um medo meio generalizado de ir ao dentista, né. Acho que é a exposição, a posição, aquela pessoa em cima da sua cara trabalhando dentro da tua boca, é tudo meio bizarro mesmo. Fora o medo da pancada financeira, que é pior ainda - particularmente, tô confiando no universo em como vou pagar essas parcelas do cartão… mas enfim.
Sei que, sim… deu canal, obviamente. Mas a mensagem de paz do dia é: não tenho mais dor. E o procedimento não me doeu nada (obrigado, meu dentista!) - que não era meu dentista até então - a máfia de indicações de dentistas fica pra outro post.
Rolou anestesias mil, mas ele passou aquele trequinho antes pra eu não sentir nem a picada. E por falar em picada… a agonia do tanto de coisa que ele enfia ali no dente é absurda. Eu juro que uma hora ele botou fogo numa agulha e enfiou lá (umas 3x) - se é isso mesmo que aconteceu ou não, eu nem quero saber.
A brisa que eu trago é algo que ele mencionou como quem diz que esfriou o tempo: ces sabiam que fazer o canal meio que é matar o dente?
E aí não sei, brisei em como para algumas coisas pararem de doer, a gente tem que deixar morrer mesmo, que um probleminha simples pode (e vai) virar complexo se você não faz nada a respeito rápido… e como às vezes a gente não precisa saber dos detalhes das coisas - desde que elas funcionem.
No mais, comendo apenas coisas moles e mastigando só com lado da boca, pois ainda com curativo mesmo ele já tendo feito todo esse ritual duas vezes. Agora é aguardar a data da restauração.
Coisinhas
Pra você conferir e depois vir confabular comigo.
📺 Jury Duty (2023)
A premissa é que soltaram uma oportunidade para participar de um documentário sobre fazer parte de um Júri. Acompanhamos todo o caso, a defesa, escutamos as testemunhas, vemos a relação entre os jurados escolhidos e como eles chegam num veredito final. A parte nova? Todo mundo ali é ator, com exceção de uma pessoa, que acha que tudo o que está acontecendo é real. É absurdo e muito divertido!
James Marsden faz o papel de uma versão dele mesmo e, dado os paparazzi que não deixam ele em paz, o Juiz acaba determinando que o júri deve estar em isolamento, para evitar o contato com o mundo exterior.
Parece que é um grande quadro de pegadinha, mas não é. O sucesso de tudo está no civil que desconhece o que está acontecendo, que é uma das pessoas mais simpáticas que pode existir. A gente acaba se apegando demais a ele, rola uma empatia absurdo, porque né, desde o primeiro momento a gente sabe que tudo aquilo é fake. É lindo ver a jornada dele.
São 8 episódios curtinhos, você assiste numa sentada. Dos criadores de The Office, então rola uma nostalgia ali também no esquema mockumentary da coisa toda. O último episódio foi feito pra matar nossa curiosidade de como tudo foi feito, como eles "planejaram" tudo, como lidam com imprevistos e até erros do elenco. Vale muito a pena!
📺 Extraordinary (2023)
Nessa sociedade, todo mundo ao completar 18 anos recebe um poder. Super força, voar, ficar invisível, voltar o tempo… mas também alguns mais complicados e (talvez) não tão práticos como o menino que faz todo mundo gozar ao tocar nelas (saudades Misfits) ou o cara que consegue utilizar o cool como uma impressora 3D.
Conhecemos este mundo e os personagens principais através da Jen, que já está com 25 anos e ainda não recebeu seu poder. Acompanhamos sua frustração, sua culpa, seu sentimento de estar perdida na vida porque todo mundo ao seu redor parece se encontrar, menos ela. Mesmo a galera com uns poderes meio bostas. Ela fica tentando de tudo para conseguir descobrir seu poder, entender sua relação com a família, com amigos, com seus relacionamentos amorosos e tudo mais.
Eu achei uma ótima alegoria para a pressão de ter a vida resolvida, de lidar com sentimentos que acabam vindo quando você está tentando descobrir o que significa atingir o sucesso para você, e também como lidar com os sucessos e os fracassos dos que estão ao seu redor.
É divertida e engraçada em geral, mas conseguiu trazer reflexões muito legais.
📺 The Power (2023)
Eu cheguei a começar a ler o livro homônimo, mas acabei parando porque era para um clube do livro que não vingou… Estou esperando a série terminar para voltar a ler. Há sete episódios disponíveis no Prime e cada um deles é de deixar a gente arrebatado - Eu ia esperar a temporada acabar, mas resolvi atender aos pedidos dos meus milhões de fãs (oi, Cela) e comentar agora.
Alguém um dia tuitou algo do tipo: o mundo tem sorte que minorias lutam por igualdade e não por vingança. E isso ainda de um lugar em que dada minoria não tem o poder para se vingar. Aí é que eu acho que essa série chega: e se esse poder existisse?
Nessa distopia, jovens mulheres desenvolvem um poder. Um poder físico, uma eletricidade presente em seus corpos, graças a um novo órgão. A série nos apresenta todo o processo de descoberta desse novo corpo, com novas possibilidades - e mais importante, como a sociedade ao redor vê essa mudança.
Há cenas fortes, pesadas, mas a maioria das cenas são diálogos maravilhosos entre mulheres. Há um diálogo entre mãe e filha em um dos episódios que é a coisa linda do mundo, onde a filha está explicando que, por-favor-mãe-não-fique-brava, mas que ela voltou pra casa pela rua escura, aproveitando totalmente seu passeio pela primeira vez, porque agora ela já não tinha medo, ela conseguiria se defender de qualquer um que tentasse algo contra sua segurança.
Temos revoluções de escravas sexuais, temos grupos de mulheres enfrentando tanques de guerra por liberdade, temos sororidade pra dar e vender (parte boa demais de assistir). E, infelizmente, mas tudo pelo plot - novos medos e inseguranças sendo criados para as mulheres, incluindo as muitas que estão divididas entre o poder ser dádiva ou maldição.
Apesar da fantasia, tudo é muito real. A resposta dos metidos a r3d p1ll, o medo do desconhecido, o governo propondo a todo momento uma nova forma de como controlar o corpo da mulher… Ainda assim, vale cada minuto. É poético, porque as mais novas conseguem ativar o poder nas mulheres mais velhas, e as cenas em que o poder é repassado são lindas. E os efeitos visuais estão bem bons também, nada muito tosco.
Vem, que essa série é babado, a cada semana estou querendo mais e mais.